Na Batida do Funk

20:16

A Cada fim de semana, o Black Rio faz a festa nos clubes do subúrbio.

Qual a principal diversão dos jovens dos subúrbios cariocas? O ibopc do futcbol há muito anda no chão, c o Maracanã está às moscas. A perspectiva de um domingo de sol ainda arrasta muitos deles para as praias da Zona Sul. Mas, em matéria de lazer, nada consegue rivalizar com os bailes funk. São mais de 600 nu! pessoas que a cada fim de semana lotam os clubes. Pelo menos segundo a contabilidade de Romulo Costa, um dos donos da Furacão 2.000. 

"É a principal diversão de massa da cidade", garante.
Bonezinho vcrdc-limão luminoso, cabelo enroladinho cm forma de mola e colares dourados no pescoço. Este quase uniforme veste boa parte dos funkeiros que lotam os bailes nos fins de semana. O figurino ás vezes incomoda certos organizadores dos bailes e DJs, como Max Peu, da equipe Soul Grand Prix. 
"Estamos tentando mudar isso porque é uma forma de se marginalizar, Nos bailes, damos nosso recado para atingir o ego dos caras. Tentamos fazer com que eles venham mais bem-vesti-dos. Nada de short ou sandália", avisa Peu* Estigmatizados como violentos* os bailes funk na opinião dele não merecem a fama que têm. "Já vi brigas na Babilônia mais feias do que cm baile de pobre", conta.
Na verdade, o mapa do funk no Rio é mais variado e colorido do que se pensa. De baile para baile, o clima, as roupas e até a música mudam, No CCIP, Centro de Comercio e Indústria de Pilares, os bailes costumam ser mais do que animados. Munido de um cassetete de quase um metro de comprimento, scguranças tentam administrar a entrada das galeras do Engenho da Rainha. Iriri, Fumacé, Vintém c outros morros c favelas das redondezas. A revista na entrada é uma rotina que não incomoda ninguém. Na quadra cheia, a multidão não deixa espaço para qualquer passo mais claborado. Só dá para pular e disputar com outras galeras no grito — "c Irin, é Iriri!" — e. eventualmente no tapa.

Há bailes mais Tranqüilos São os procurados por Antônio Marcos Pereira, 15 anos, e seu primo Renato Moura Pedro, 17, Eles morara cm Nüópolis e gostam de funk. Mas não de confusão. Os dois trabalham cm uma gráfica de dia e estudam à noite, Nos i] r: v de semana, estão noa clubes, geralmente no Tdcal de Olinda. 
"Não andamos cm bando para evitar violênciu", explica
No Rio, há cerca de 100 equipes de som, calcula Jorge de Carvalho Alves, presidente da associação que reúne boa parte das equipes cariocas. Elas se cotizam para realizar programas como Som na caixa (TV Corcovado, 2" a 6", às 13h45) e Clube do som (Rádio Manchete, 2* a 6*, às 12H45). 
"Os bailes são a única opção de Iazer no subúrbio, e o funk representa um movimento social muito profundo", explica Jorge.
Pelas suas contas, 95% desses bailes são dominados pelo ritmo do funk e o resto se divide enire o huiise e o charme. O estudante Évandro Santos, 25 anos. sentiu-se deslocado ao fazer uma. incursão em um baile funkr 
"Eu estava tão bem vestido que o pessoal ficou me estranhando", reclama. 
Nos bailes de charme toda sexta no Clube Vera Cruz na Abolição, ele pode usar seu smoking sem atrair olhares intrigados. AH, a música é mais suave, e os figurinos mais requintados, 
"Parece que você está em Nova Iorque", exagera Zc Black, do Som nu caixa. "O cara pode estar duro, mas limpa o sapato com lenço Pierre Cardin." Para o DJ Corello, da Só Mix, "aa diferenças dividem o movimento black em duas maneiras de pensar, comportar-se e vcslir-se".
Sc o charme é uma moda relativamente recente, que pegou de una cinco anos para cã. o funk já tem uma longa história. 


"O movimento já era grande há 10 anos. A mídia c que só agora está descobrindo os bailes", garante Marlboro. o DJ que, com a Soul Grand Prix, promove iodos os domingos uma noite de funk no Mourisco.
"Nestes bailes, vão pessoas de todos os níveis. Não tem nariz cm pé. Não importa se é rico ou pobre, branco ou preto. O que imporia c se sentir bem"
Para Marlboro. na hora de seguir para os bailes, ê melhor deixar os preconceitos em casa. 
"Quem lem muita frescura deve ficar em casa vendo tv."

 Matéria: Claudio Figueiredo / Foto: Ferreira Junior - Jornal do Brasil / 1992

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