Estação do Funk, símbolo de integração da cidade partida

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RIO - O Instituto de Genética Urbana (G-URB) promoveu uma reunião para discutir o local, a filosofia e o conceito da ideia, inicialmente chamada de Cidade do Funk e, mais tarde, de Estação do Funk. Foram lembrados pontos como o fácil acesso a um local bem servido de transportes, equidistante das várias regiões da cidade, de preferência nas proximidades de São Cristóvão, e que fosse situado em área de rara ocupação residencial, para evitar interferência do volume do som. A Estação do Funk representará um diferencial para o Rio, e sua realização será o símbolo do reconhecimento e da aceitação da cidade e da integração aos padrões culturais da sociedade.

Assim que fui convidado pela Fernanda, achei que o tema seria empolgante, pois consolidar essa cultura carioca me pareceu um grande desafio, não apenas à arquitetura, mas principalmente à escolha do lugar. Depois de passearmos por todos os mapas e ruas da cidade, consideramos a Zona Portuária, em processo de revitalização. Optamos então por parte da antiga área do Gasômetro e propomos uma arquitetura "geneticamente contemporânea", que poderá ser avistada por todos, pois fica na real entrada da cidade.

Antes de falar do conceito, foi preciso buscar nas palavras do arquiteto Gregori Warchavchik nossa inspiração: "Para que a nossa arquitetura tenha seu cunho original, como o têm as nossas máquinas, o arquiteto moderno deve não somente deixar de copiar os velhos estilos, como também deixar de pensar no estilo. O caráter da nossa arquitetura, como das outras artes, não pode ser propriamente em estilo para nós, os contemporâneos, mas sim para as gerações que nos sucederão. A nossa arquitetura deve ser apenas racional, deve basear-se apenas na lógica e esta lógica devemos opô-la aos que estão procurando por força imitar na construção algum estilo".

Nosso primeiro passo foi na intenção de preservar a estrutura do Gasômetro, criando um ícone arquitetônico da cultura funk na cidade. A conceituação fez-se necessária tendo em vista os significados e usos diferenciados desse espaço: o caráter democrático da liberdade da música e da dança associado às atividades de lazer; o lado cultural e da sustentabilidade com oficinas de música e a presença de gravadoras, produtoras, lojas etc.; e o Museu Vivo, contando a história do funk de forma interativa e real.

O projeto baseia-se no uso da estrutura metálica existente, com a inserção de um elemento retangular. A estratégia é enfatizar o contraste com as novas formas propostas, que vão indicar a contemporaneidade da intervenção. O caráter formal da edificação tem uma conotação técnica (acústica e climática, com ventilação natural), e os elementos transparentes e vazios conferem uma boa integração com o contexto.

Um volume cortando a forma circular do Gasômetro é onde se encontra o palco e se estende a pista, em direção à Perimetral. O acesso à pista se dá por uma rampa, e a conhecida e eficaz técnica de induzir o público a uma entrada num lugar apertado e sombrio para em seguida surpreendê-lo com um espaço monumental e bem iluminado foi também proposta, gerando uma sensação de liberdade. Uma arquibancada servirá de apoio e camarotes na parte superior, em torno do palco, estarão pendurados, em forma circular, na treliça do Gasômetro. Embaixo do palco, se encontram os locais de oficinas. Como os corredores são galerias do museu, com grandes painéis de vidro, o público poderá ver os ensaios e todas as atividades que compõem o mundo funk.

O uso de uma estrutura industrial obsoleta ou parte dela num espaço cultural mostrou-nos ser coerente com o pensamento arquitetônico de hoje, tornando a Estação do Funk um possível e bem-sucedido empreendimento. (J.C.S.L.)

Créditos Globo OnLine

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