Estação do Funk nas antigas instalações do Gasômetro

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Madame diz que a raça não melhora / Que a vida piora por causa do funk / Madame diz que o funk tem pecado / Que o funk, coitado, devia acabar / Madame diz que o funk tem cachaça / Mistura de raça, mistura de cor / Madame diz que o funk, democrata, / É musica barata sem nenhum valor / Vamos acabar com o funk / Madame não gosta que ninguém funk / Vive dizendo que o funk é vexame / Pra que discutir com madame?

RIO - A letra desse samba de 1945 (com a palavra "funk" no lugar de "samba"), composto por Haroldo Barbosa e Janet de Almeida e eternizado por João Gilberto, mostra o óbvio: o preconceito foi o grande algoz do samba e é agora o do funk.

O samba nessa época era visto como música de preto, pobre e favelado. Muitos sambistas e músicos, especialmente negros, eram presos por vadiagem e a maioria de suas letras refletia a vida nos barracos da cidade, assim como o funk hoje. Depois de muita luta, o samba conquistou um lugar privilegiado na cultura brasileira e o funk, apesar de estar "na pista" há mais de 25 anos, só este ano conquistou uma importante vitória: o direito de ser reconhecido como movimento cultural através da aprovação da lei estadual 5.544, ou seja, teoricamente, não se pode mais prender funkeiros ou proibir bailes funk.

Guardadas as devidas proporções, as semelhanças entre a história desses dois gêneros musicais é grande e as diferenças também são, começando pelo volume do som. O funk carioca é, com seus alto-falantes potentes, a voz da favela traduzida num batuque eletrônico que invade e seduz a cidade com seu batidão, ousadia e irreverência. Mas por que assusta e incomoda tanto?

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A vida nas favelas não é mais a dos tempos do samba. Nem sua cultura. Ao longo dos anos, o poder paralelo fortemente armado (facções do narcotráfico e facções milicianas), foi dominando esses territórios desprezados pelo poder público e no convívio diário foram se misturando e se apropriando do funk ao mesmo tempo em que este era proibido nos clubes do asfalto. Então, qual a imagem do funk? Batidão arrebatador do Rio favelado que, quando toca, ninguém fica parado? Proibidão de apologia ao banditismo? Opção de trabalho e lazer para milhares de cariocas? Putaria e pornografia? Música eletrônica carioca invadindo as pistas do mundo? Sub-Uzi musical de batucada digital?

Mesmo não sendo funkeira de carteirinha, defendo o funk porque gosto e respeito a música, os artistas e a galera que vive desse som. Chegou a hora de colocar o bonde nos trilhos. Os funkeiros estão se organizando (a criação da APA-Funk é um exemplo), pois sabem que o gênero perderá força e apoio se não se repensar, respeitando a si próprio e a comunidade (do morro e do asfalto), mas sem perder sua essência, sua liberdade, e sem cair na armadilha da caretice!

Foi pensando nesses jovens que trabalham compondo, cantando, inventando novas batidas, novas gírias, novos passos de dança e com a intenção de capacitar a garotada que está chegando é que idealizamos a Estação do Funk: um espaço imaginado não só para formalizar essa economia, mas aberto para toda a cidade curtir essa cultura carioquíssima! "A massa funkeira pede a paz geral!"

O Rio, que inventou o maxixe, o choro, o samba, a bossa nova e o funk, tem na sua cultura e na música um grande trunfo! Estamos tendo a chance de repensar a cidade e nossa mentalidade. Portanto, vamos "discutir com a madame", com a empregada, com a comunidade, com a autoridade.

Que venham a Copa do Mundo, os Jogos Olímpicos, os turistas brasileiros e os turistas estrangeiros! O funk vai botar todo mundo pra dançar! (F.A.)

Créditos Globo Online

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