Live lembra os 50 anos do 'Baile da pesada'

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Live lembra os 50 anos do 'Baile da pesada', marco da disseminação do funk entre os jovens cariocas


Apresentado pela primeira vez em 12 de julho de 1970, o evento dos DJs Ademir Lemos e Big Boy é considerado um dos propulsores do movimento Black Rio.


♪ MEMÓRIA – Na virada dos anos 1960 para a década de 1970, o Brasil começou a ouvir o soul e o funk exportados pelos Estados Unidos para o mundo. O cantor carioca Tim Maia (1942 – 1998) abrasileirou esses gêneros norte-americanos e fez história ao lançar o primeiro álbum em 1970, ano em que Tony Tornado evocou, em disco e festival, o som e a postura black power de James Brown (1933 – 2006), principal voz do funk dos EUA.


Atentos aos sinais, dois pioneiros DJs – os discotecários Ademir Lemos (1946 – 1998) e Newton Alvarenga Duarte, o Big Boy (1943 – 1977) – foram na fonte e reverberaram gravações originais em evento festivo intitulado Baile da pesada.


Realizada em 12 de julho de 1970 na cidade do Rio de Janeiro (RJ), na então recém-aberta cervejaria Canecão, casa de shows que se tornaria o templo das estrelas da MPB a partir da década de 1970, a primeira edição do Baile da pesada completa 50 anos em 2020 com o status de o evento ter sido um dos propulsores do movimento Black Rio e, de certa forma, o precursor dos bailes funks que dominariam as comunidades cariocas a partir da década de 1990.

Para celebrar os 50 anos do primeiro Baile da pesada, evento no qual Ademir e Big Boy propagaram o soul norte-americano e o funk de James Brown, live programada para as 19h de 31 de julho vai rememorar a trajetória do funk no Brasil e o pioneirismo desses dois discotecários em reunião virtual dos DJ Corello, Dom Filó, Marlboro (nome ligado ao funk dos anos 1990), Mr. Paulão (empresário e DJ, dono da Black Power, equipe atuante nos anos 1970) e Peixinho (radialista, assistente de Big Boy e disc-jockey do Baile da pesada na expansão do evento pelos subúrbios cariocas).

O idealizador e produtor – juntamente com o DJ Marlboro – da live Baile da Pesada – 50 anos é Leandro Petersen, DJ e filho caçula de Big Boy. Depois do bate-papo, baile virtual encadeará sets individuais dos participantes e culminará com set coletivo com a reunião de todos.


Ademir Lemos e Big Boy


No elenco da live, cabe destacar a presença de Dom Filó, DJ atuante na efervescente cena black Rio da década de 1970. Filó provavelmente vai contextualizar que, embora o Baile da pesada seja celebrado como o primeiro evento oficial com som black Rio, jovens dos subúrbios cariocas já se reuniam antes em festas para ouvir o som de James Brown e de outros compositores identificados com o soul e com o funk norte-americanos.

E talvez alguém lembre que, embora Big Boy tenha sido o principal animador do Baile da pesada, a ideia de fazer o evento foi de Ademir Lemos, que começara a carreira em 1966 como dançarino de programas de TV associados ao universo da Jovem Guarda.

Teria sido Ademir quem contratou Big Boy para animar o baile por saber do culto do DJ ao soul e ao funk, gêneros propagados pelo pioneiro discotecário nos programas de rádio que apresentava com fervor.

De toda forma, o fato é que o Baile da pesada fez sucesso, juntou na mesma pista jovens ricos e pobres da sempre partida cidade do Rio de Janeiro (RJ), marcou época e gerou até coletânea, Baile da pesada, editada em 1970 pela gravadora Top Tape com sucessos do soul, do funk e do rock, gênero também presente nos sets de Big Boy, DJ importante por ter disseminado, através do rádio, o som negro norte-americano para jovens da periferia carioca em época de acesso restrito a informação e a discos importados.

Uma das sementes do movimento Black Rio que germinaria ao longo dos anos 1970, sob o comando da população negra, o Baile da pesada fez história. E essa história deverá ser contada na live dos 50 anos antes do som reverberar nas caixas dos DJs.


** Acesse a Pagina Oficial: Baile da Pesada 50 anos


Créditos: Mauro Ferreira -  Matéria G1

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