Segunda edição do Rio Parada Funk será em dezembro na Lapa

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RIO - A primeira edição do Rio Parada Funk, ano passado, reuniu mais de 150 DJs, MCs e dançarinos para celebrar a cultura funk. Espalhado em mais de dez palcos no Largo da Carioca e adjacências, o evento se transformou no maior baile funk da História, com jornais chegando a noticiar um público de cem mil pessoas, incluindo turistas estrangeiros e de outros estados. 

Os números grandiosos seriam impensáveis há nem tanto tempo assim, quando o funk viveu seu pior período de perseguição pós-arrastão do Arpoador, em 1992, com as pancadarias dos bailes de corredor, a violência dos proibidões e letras explícitas. 

 — É difícil trabalhar com cultura, principalmente as marginalizadas, como o funk. Na primeira edição tivemos dificuldades com o Iphan, que entendeu que não podia ser na Cinelândia porque abalaria a estrutura do Teatro Municipal — conta Mateus Aragão, fundador da festa Eu Amo Baile Funk e organizador do Rio Parada Funk.

O reconhecimento internacional a partir de 2003 ajudou a amolecer o preconceito local com o ritmo, iluminando aspectos socioculturais importantes e dando a chance de o gênero se mostrar além da polêmica. Apesar disso, o II Rio Parada Funk, marcado para dia 9 de dezembro, enfrenta dificuldades.

 — O maior desafio é garantir apoio para a infraestrutura. Artistas e equipes de som não recebem cachê, mas precisamos garantir geradores, banheiros químicos, segurança etc. — continua. 

O receio de marcas em relação ao funk também não ajuda. E a mudança de local, saindo do Largo da Carioca, trouxe transtornos. A produção não conseguiu datas no Sambódromo. Com isso, empresas cancelaram o patrocínio. O novo endereço é a Lapa, acostumada a grandes públicos.

 — Tivemos promessas de patrocínio não cumpridas, o que me levou a investir tudo o que juntamos em sete anos de Eu Amo Baile Funk. E tivemos patrocinadores que pagaram, mas não deixaram a marca aparecer. Querem ajudar, mas não se associar ao funk — diz. 

Segundo Mateus, a nova edição acontece principalmente com o apoio da Prefeitura e da Secretaria de Cultura do Estado — justamente parte do poder público que tinha preconceito com a cultura funk. Uma grande virada

 — Nos sentimos vitoriosos na luta contra o preconceito. 

Após o sucesso do primeiro ano, a disputa para ser uma das equipes escaladas foi grande. O principal critério de escolha foi a contribuição do candidato para o funk. Nesse quesito, ninguém mereceria mais homenagens que o dançarino Gualter Damasceno, o Gambá, criador do Passinho do Menor da Favela, febre nas comunidades registrada no documentário “Batalha do Passinho”, de Emílio Domingos (vencedor da Mostra Novos Rumos do Festival do Rio neste ano). Gambá foi assassinado antes de ver sua invenção nas telas. Filme, Parada... Aos poucos o gênero amplia seu espaço na sociedade. 

 — O funk é 100% carioca, movimenta milhões, é um produto direcionado principalmente aos jovens, gera renda. O mais curioso talvez seja o interesse que ele desperta fora daqui. Além disso, promove o debate sobre juventude negra e favelada.

Então, não esqueça: dia 9 de dezembro é dia de baile.

Créditos: O Globo Foto: Guito Moreto

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