O Negro em Movimento

23:38


A importância das galeras nos extintos Festivais não se pode contestar pois elas formaram um verdadeiro exército a serviço da transformação. Corriam em suas veias os símbolos e códigos que iam passando de geração para geração, fazendo com que mesmo de uma forma não consciente a cultura negra despontasse como agente formador transformando-se em um importante pilar para a melhoria e o avanço social em vários aspectos do cotidiano.

É gratificante ver e ouvir estes jovens passando sua realidade do dia a dia para todo o país através de suas músicas, passa a ser fácil entender o porque de todo este ódio lançado contra o "Movimento Funk é Cultura", por parte da sociedade.

Na década de 90, quando surgiram os primeiros MC's, a massa funkeira nos mostrou sinais evidentes de que ao invés de alienados, estavam cada vez mais conscientes de sua realidade e principalmente de suas necessidades. Em suas letras os funkeiros não falavam somente da banalização da violência que sofriam e sofrem diariamente como também cobraram da sociedade e autoridades, a não educação, a fome, o abandono da saúde pública, o racismo, a discriminação e a falta de oportunidade entre muitos outros temas.

Os nossos jovens lançaram mão de uma arma não violenta mas letal, "a informação", com letras no estilo de "Eu só quero é ser feliz e andar tranquilamente na favela onde eu nasci", da mesma maneira que Zumbi dos Palmares e seus pares queriam nos quilombos de outrora, conseguiram o inimaginável, quebraram barreiras antes intransponíveis e ganharam a adesão importantíssima de jovens de todas as classes sociais que ao contrário de muitos de seus pais não se preocupavam com questões como raça, sexo, religião, condição social. Esses adeptos foram solidários nas propostas de igualdades de chances para todos em aspectos globais sem privilégios ou detrimentos.

Sem poder dominar o "Movimento Funk é Cultura" que tem suas bases claramente popular, a sociedade sempre tentou destruí-lo como já fez a outros usando sua mais poderosa arma, a mídia, mas nunca conseguiu de fato. O funk enfraquece, passa mal, mas não morre e sempre quando se recupera vem com força total arrastando tudo pela frente e até aqueles que torcem o nariz se requebram até o chão em suas mansões em condomínios de luxo.

É um sonho de séculos de difícil realização mas com certeza não impossível, proponho que deixemos de teorizar e ou criticar o "Movimento Funk é Cultura" e mergulhemos em seu interior para melhor o entendermos e assim unidos aos agentes da transformação que já estão em campo podermos melhor ajudá-los.

Participe e conheça a APAFUNK e mergulhe no interior deste movimento.

Créditos: Luiz Eduardo/Revista Pancadão(1995)

Contribuição: Claudia Duarcha

Créditos Foto: Cartes UERJ

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