DJ Marlboro comemora 30 anos do LP 'Funk Brasil' com shows

12:07

"Ninguém acreditava no disco. Me chamavam de maluco", recorda ele, que se apresenta no Rock in Rio 2019



Rio - "Vou fazer festa até o ano que vem!", diz o DJ Marlboro, que inicia neste domingo às 15h, no Imperator, a comemoração de 30 anos do disco 'Funk Brasil'. Produzido por Marlboro, o LP inaugurou a era de popularidade dos batidões, com músicas como 'Melô dos Números', 'Rap do Arrastão', 'Melô da Mulher Feia' e 'Melô do Bêbado' nas vozes de convidados como Abdullah, MC Batata e Cidinho Cambalhota. 

No palco com o DJ, alguns dos nomes que Fernando Luís Mattos da Matta (nome verdadeiro de Marlboro) ajudou a lançar naquela época, como o próprio Abdullah, Cidinho e Doca, Carlinhos (Copacabana Beat), Junior e Leonardo. A festa migra para outras cidades, como Niterói, Barra Mansa, São Gonçalo e Volta Redonda, e também para shows em comunidades. Vai até o Rock in Rio, onde Marlboro divide o palco New Dance Order com o amigo DJ Memê no dia 5 de outubro. 

"Para combinar com os 30 anos, vão ser 30 shows daqui até 2020", conta o DJ, hoje com 56 anos. 

Colunista 

Nos anos 1990, Marlboro, virou uma verdadeira indústria do funk, tocando pela noite, lançando artistas e hits. Também manteve uma coluna em O DIA, na segunda metade da década. "As pessoas liam no DIA o que ia rolar nos bailes. Conseguia sempre colocar ali coisas que depois iam fazer sucesso", recorda o DJ, que, em 1989, pegou um cenário ainda fechado para o funk e penou para convencer todo mundo de que um disco com seus artistas faria sucesso. 

"Me chamavam de maluco, aliás até hoje!", recorda Marlboro, que na verdade queria que 'Funk Brasil' fosse um lançamento independente. "Mas o Nirto da (equipe de som) Soul Grand Prix e o Cidinho Cambalhota (executivo de gravadora e apresentador do programa 'Som na Caixa', morto em 1990) insistiram para eu ir conversar na PolyGram (hoje Universal), que lançou o disco". 

Marlboro chamou os artistas que conhecia e reativou a carreira de Ademir Lemos, DJ que trabalhara com Big Boy nos anos 1970 e que acabou estourando com o 'Rap do Arrastão' e depois com o 'Rap da Rapa'. O DJ diz ter batalhado sozinho para levantar 'Funk Brasil'. 

 "O disco era ridicularizado nas convenções da gravadora. A PolyGram era uma empresa holandesa e diziam que a Rainha da Holanda não ia gostar do álbum. A gravadora mandou prensar dez mil cópias porque achou que não fosse vender nada. Teve produtor que trabalhou no disco e pediu para não colocar seu nome", recorda. "Muita equipe de som me boicotou também, porque elas viviam de lançar sucessos internacionais".

'Funk Brasil' acabou vendendo mais do que Chitãozinho e Xororó, grande nome da PolyGram na época. 

"Aí, o tal produtor da PolyGram reclamou que o nome dele não estava no disco", brinca o DJ, que diz existirem quatro Marlboros. "O produtor, o DJ, o radialista e o ouvinte. Quando lanço alguma coisa, tenho que agradar os quatro", conta. 

São Paulo 

Marlboro conta que também foi chamado de maluco quando disse, certa vez, que o funk ainda iria bombar em São Paulo. Nos anos 1990, ele tocou funk em boates de SP como a Lov.e, e levava os funkeiros do Rio num ônibus para confraternizar com os fãs paulistanos. Também fazia o caminho inverso e levava os funkeiros de São Paulo às comunidades do Rio. 

"Nessa época, você nem tinha artista de funk em São Paulo. Era só público. Comecei a ponte aí", lembra o DJ, que tem feito apresentações em outros países e vem acompanhando o sucesso de Anitta. 
"O funk ainda vai ter mais celebridades mundiais". 

Cinco hits inesquecíveis. 

Perguntado pelo DIA sobre um Top 5 do funk, o DJ cravou a seleção abaixo: 

'MELÔ DA MULHER FEIA', ABDULLAH — "Me mostrou a fórmula que deveria seguir para aquele primeiro passo para a nacionalização do funk. O sucesso dela impulsionou a realização do disco". 

'FEIRA DE ACARI', MC BATATA — "Primeira música de sucesso nacional do funk no Brasil. Tema da novela 'Barriga de Aluguel'" 

'MARLBORO MEDLEY', DJ MARLBORO — Vários funks internacionais unidos numa faixa só, no 'Funk Brasil'. "Fiquei de fazer outra quando essa fosse superada", diz. 

'RAP DO ARRASTÃO', ADEMIR LEMOS — "Ademir era um gênio musical e estava morando de favor no quarto de empregada da filha. Sem ele, o que seria de mim e dos meus sucessores?". 

'MEL DA SUA BOCA', COPACABANA BEAT — "Era uma ciranda baiana originalmente. Tirei mais da metade da letra e transformei num funk. Virou um clássico".

Créditos: Ricardo Schott - Jornal O Dia

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